MONUMENTO À REPÚBLICA: MARCO DE UMA NOVA ERA POLÍTICA
Em uma das maiores e mais importantes praças de Belém do Pará, no bairro da Campina, área central da capital, foi construído o monumento à República, inaugurado no dia 15 de novembro de 1897. Antes desta data, o local onde foi erguido o monumento teve várias atribuições e denominações. Primeiramente foi chamado de Largo da Campina e, posteriormente, com a construção de um armazém para guardar pólvora, passou a ser o Largo da Pólvora. Também neste largo foi instalada uma forca, contudo não há registro de execuções. Ainda neste terreno existiu um cemitério para sepultamento de escravos em cova rasa.
O local recebeu o nome de Praça Pedro II na época do Império e, ainda neste período, iniciou-se a lenta urbanização desta área, com a inauguração em 1878 do Teatro de Nossa Senhora da Paz, atualmente Teatro da Paz. Foi batizada de Praça da República em homenagem à nova forma de governo, no final do século XIX. O Monumento à República, atualmente, está ainda cercado pelo Teatro Waldemar Henrique e o Instituto de Ciências da Arte da Universidade Federal do Pará, ambos também erguidos na praça.
A República
Proclamada em 1889, a República foi inspiradora para construção de monumentos como o erguido na praça de mesmo nome em Belém. Em 1890, um ano após a proclamação, foi lançada a pedra fundamental do monumento, cuja construção foi uma forma de homenagear o novo regime e também marcar a adesão do Pará ao mesmo. A obra foi objeto de um concurso cujo edital foi lançado pelo governo do Pará no ano seguinte, em 1891. Participaram da seleção feita por um júri composto de políticos e profissionais do Estado vários artistas estrangeiros. Por maioria, foi escolhido o projeto do escultor italiano Michele Sansebastiano, que recebeu algumas alterações antes de ser finalizado. A principal modificação foi a substituição do ramo de oliveira por uma espada na mão da República, com maior valor simbólico. A obra, iniciada em 1892 e finalizada cinco anos depois, foi orçada inicialmente em 120 mil contos de reis, valor alterado anos depois para 288 mil contos de reis devido à diferença de câmbio.
O monumento
Com uma altura total de 20 metros, o monumento, feito em mármore de Carrara e bronze, apresenta conjunto escultórico erguido sobre quatro degraus, um pedestal de quatro faces e uma coluna dórica. No alto da coluna está a figura principal, a Marianne com as insígnias revolucionárias da sua identidade, representando a República.
Representando o Progresso Nacional, vê-se sobre o pedestal um conjunto escultórico com a figura de um gênio alado, de 6,70 m de altura até a ponta do estandarte da República por ele levantado. O gênio apoia-se em um leão, que simboliza a força.
Na figura de uma mulher alada sentada sobre livros está representada a História. A figura feminina, com cinco metros de altura desde a extremidade do manto até a asa, registra em uma página do livro, sustentado por um gênio, a data em que a República foi proclamada. Sentados nas laterais do monumento estão dois gênios, com 2,6 metros de altura cada. Eles apresentam nas mãos tarjas com inscrições de probidade, em uma, união, na outra. Nas laterais do pedestal foram inseridas datas, nomes e placas de autoridades e personalidades.
Texto: Carmen Silva e Ana Cláudia Melo
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